JAMAIS ABRA

A noite começava a cair na pequena cidade. O frio era grande e a névoa começava a cobrir toda parte. Por isso o chovem rapaz andava rapidamente a fim de chegar o quanto antes em sua casa. 
Era uma noite calma e o comércio já havia fechado e todos que ainda estavam acordados certamente estavam trancados em suas casas para se aquecer.

Era a noite mais fria e mais silenciosa de anos certamente e o jovem rapaz era o único a andar aquela hora na rua. Ele voltava para sua casa após uma longa tarde de trabalho. Havia sido o ultimo a deixar o escritório aquela noite.

Era novo na cidade, havia se mudado há poucas semanas, por isso não havia feito amizades ainda e voltava sozinho toda noite para casa, mas para ele isso não era um problema já que havia vivido sozinho quase a vida toda. Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem por conta de uma grave doença e logo após a morte dela o pai se afundou em angustias e tristeza, assim passava cada vez menos em casa, pois sempre estava no bar e ainda sim quando aparecia em casa era apenas para dormir ou para quebrar tudo depois de horas de bebedeira. Tudo continuou assim até que o garoto tivesse 15 anos de idade, pois a bebida não demorou muito a levar o pai do menino também, fazendo com que ele tivesse que morar com os avos em um sítio longe de todos. Assim o garoto ia levando a vida, sem amigos e sua única família era sua vó e vô maternos.

O tempo passava depressa e apesar da grande idade de seus avos eles ainda continuaram vivos até o jovem completar 19 anos de idade. A essa altura o rapaz já havia perdido tudo o que lhe restava de família e acabou se isolando sem amigos.
Durante a infância o garoto brincava sozinho e não era difícil encontrar ele num canto do quintal falando sozinho. Isso não levantou preocupação em seu resto de família, pois achavam natural ele inventar amigos para brincar, já que havia se separado de todos, porém esse habito continuou até sua vida adulta. Talvez por isso o evitassem onde quer que ele fosse talvez por acharem que ele era louco ou algo pior.

Hoje o jovem se encontrava com 25 anos e tinha uma inteligência assombrosa, tal que fazia com que ele não encontrasse problema nenhum em encontrar emprego facilmente.
Durante longos meses a vida do rapaz foi assim, mas não demorou a mudar já que uma linda garota havia surgindo em sua vida inesperadamente. Namoravam a pouco tempo, mas não se separavam por nada. O homem agora já não vivia mais sozinho e agora carregava um sorriso consigo onde quer que fosse.

Certa vez após um longo dia no trabalho eles resolveram passar a noite juntos na casa dele. Então partiram. De mãos dadas e rindo caminhavam sozinhos na rua silenciosa. Já em casa cansados do longo dia exaustivo foram dormir cedo, iria ser feriado na manhã seguinte e teriam muito tempo para aproveitar juntos. A noite havia sido calma, mas ao amanhecer o caos se tornou gigantesco. Ao abrir os olhos o rapaz foi olhar para sua linda namorada que dormia ao seu lado, mas para seu espanto ela não estava mais ali, a única coisa que se encontrava ao lado dele era uma grande poça de sangue no colchão. Assustado o homem corre pela casa a procura de sua amada, mas tudo havia sido em vão, não havia sinal dela ou de qualquer outra pessoa ali a não ser ele. Então voltou ao quarto aos prantos sem entender o que havia acontecido ali, logo imaginou o pior. Algo o impedia de chamar a policia, talvez o medo de ser acusado injustamente de algo que certamente não fez. 

Então partiu para o trabalho e ao receber perguntas sobre sua companheira o silencio era a única resposta obtida sobre ele.
Ao cair da noite ele caminhava novamente só para casa e a névoa caia sobre a cidade. Tudo silencioso e fechado, pois o frio era intenso o que fez o jovem se encaminhar para casa rapidamente, mas algo chamou sua atenção, um barulho num beco um pouco a sua frente. Tudo estava deserto ao seu redor, talvez por isso o barulho houvesse chamado mais sua atenção. Correu até alcançar o beco e para se assombro encontrou um corpo. Caminhou cuidadosamente até ele para tentar verificar se estava viva ou morta tal criatura, já que a distancia isso não era possível por a nevoa se tornava ainda mais densa. O rapaz entra em choque ao perceber que tal pessoa caída ali era sua bela namorada, mas agora sem vida e brutalmente atacada. Era impossível segurar o choro naquele momento, mas novamente surge aquele estranho barulho e agora vindo de traz dele, então logo se vira para ver quem é, mas não havia ninguém, logo volta sua visão para o corpo da amada, mas ela havia sumido misteriosamente. Da imensa escuridão surge uma voz. Assustado o rapaz se levanta e tenta corre, mas apenas tenta, pois não conseguia se mover. Então a voz se torna mais alta e clara:


- Oh pobre criatura. Qual motivo de tanto medo?
- Quem é você e o que quer?
- Lamentável. Não reconhece mais um velho amigo? Não tinha medo de mim quando criança!
- Você?! Não pode ser você, era apenas fruto de minha imaginação!
- Sua imaginação? – uma risada diabólica surge do local da tal voz – Nem mesmo sua mente brilhante seria capaz de me imaginar.
- Diga o que quer?
- Você sabe o que quero. Sua alma! Como sua pobre mãe havia me prometido, como seu pobre pai havia tentando mudar o acordo, como seus avos o mantiveram e como você sem que eles soubessem mudou quando ainda era apenas uma criança.
- Eu era apenas uma criança. Não sabia o que estava fazendo. Você me enganou.
- Eu lhe enganei? Pobre coitado. Você queria amigos e eu fui seu amigo. Você prometeu ficar apenas comigo pelo resto da vida, mas ao invés de pagar o que me devia, passou a vida conjurado proteções, magias do pior tipo pra me manter afastado, mas graças aquela pobre e deliciosa coitada você esqueceu deles, esqueceu de mim. Agora pague o que me deve!
- Você fez isso com ela? Alma diabólica. Ser do inferno!
- Suas palavras na me ferem. É inútil tentar gritar, correr ou até mesmo conjurar aquelas pragas que mantinham você fora do meu alcance. Agora vamos acertar sua divida.
Aquela noite havia sido longa, mas o terrível silencio havia tomado conta de toda a parte.


Dizem que a mãe do rapaz tentou se livrar de um pacto antigo oferecendo a alma do primeiro filho que tivesse, mas desistiu do acordo ao nascer do filho. O pai se ofereceu em lugar do filho, mas a bebida o matou antes que pagar a divida, os avos mantiveram o acordo se oferecendo, mas o garoto queria amigos e o demônio usou isso contra ele prometendo ser amigo dele para vida toda, mas caso ele se aproximasse de alguém levaria o garoto também.
Durante meses colegas de trabalho e a policia buscavam noticias do casal, mas nada foi encontrado nem mesmo os corpos dos dois. A única coisa encontrada na casa do rapaz foi uma caixa fechada com um aviso em sangue dizendo “Jamais abra!”
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